domingo, 6 de abril de 2008

Ditadura da Beleza




Por Rambo do Senegal




Beleza é algo, na sua essência, muito relativo. Não é uma ciência exata como, por exemplo, a matemática, em que 2 + 2 =4 e não há questionamentos.
Estamos na era da globalização. Essa era tem, entre suas principais características, a de possuir diversos tipos de mídias (rádio, televisão, internet, jornal, revista, entre outros), tendo em vista a aproximação dos povos e uma conseqüente facilidade das nações mais ricas em ter influência política sobre os países mais pobres. Outro fator marcante desta era é a necessidade, da própria mídia capitalista, de padronizar a sociedade e dividí-la no menor número de grupos possíveis. Além disso, os integrantes de um mesmo grupo, segundo a lógica capitalista, devem consumir os mesmos produtos, facilitando a produção da burguesia e, por conseqüência, aumentando os seus lucros. É neste contexto que se insere a ditadura da beleza. Beleza é algo, na sua essência, muito relativo. Não é uma ciência exata como, por exemplo, a matemática, em que 2 + 2 =4 e não há questionamentos. Prova disso é o fato de que, ao longo da história, tivemos diversos modelos de beleza. No século XIX, por exemplo, eram consideradas belas mulheres com uma massa muito superior ao padrão atual. Porém, naquela época, a beleza era tratada muito mais como uma questão subjetiva, não se constituindo como algo tão fundamental o fato de alguém se enquadrar em modelos. Contudo, com o crescimento da burguesia e do capitalismo, a beleza foi padronizada, sendo transformado em algo fundamental o encaixe das pessoas nos modelos estabelecidos. É verdade que existe mais de um padrão de beleza, mas quem não se enquadra em algum acaba duramente discriminado. Com essa discriminação, os considerados feios vão consumir o maior número de produtos possíveis, para, com isso, serem considerados ?bonitos? ou ao menos compensarem a sua ?feiúra?. Partindo deste princípio, a imprensa incentiva cada vez mais a discriminação, mostrando, de forma caricata, as pessoas vistas como ?feias?. Estas são mostradas como pessoas chatas, desinteressantes, que só se tornariam atraentes quando atingissem os padrões de beleza vigentes. A conclusão a que podemos chegar acerca desse assunto é que, a sociedade, ingenuamente, se deixa influenciar por uma mídia claramente ligada à burguesia. E a burguesia, para quem ainda teima em não perceber, age de acordo apenas com seus interesses. Grande parte da sociedade porta-se como agente fiel, cruel e hipócrita da burguesia. Uma evidência dessa hipocrisia é o fato de que, quando alguém se julga um ?feio? irremediável, a mesma sociedade que discrimina os que se mantém fora dos padrões diz que essa pessoa deve melhorar a sua auto-estima. Mas é exatamente essa parcela da sociedade que baixa a auto-estimas dos que estão fora dos padrões. Mas é claro que o capitalismo não quer os ?feios? resignados, pois estes não iriam consumir.

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