quinta-feira, 17 de abril de 2008

Menina de 8 anos consegue anular casamento no Iêmen

RACHID SEKKAI
da BBC

Um tribunal do Iêmen anulou o casamento de uma menina de oito anos com um homem de mais de 20 depois de a garota entrar com um pedido de divórcio.

Nojoud Mohammed Ali conseguiu fugir do marido, pegou um táxi sozinha e foi até o escritório do juiz.

No tribunal, Nojoud disse que havia assinado o contrato de casamento dois meses e meio antes, mas acreditava que permaneceria na casa de seus pais até os 18 anos.

"Mas uma semana depois, minha mãe e meu pai me forçaram a ir viver com ele", afirmou a garota, que acusou o marido de bater nela.

As leis do Iêmen --um dos países mais pobres do mundo-- não estabelecem uma idade mínima para o casamento, mas a mulher só tem permissão para morar com o marido depois de chegar à puberdade.

A advogada Shatha Nasser disse à BBC que o juiz decidiu anular o casamento, em vez de dar o divórcio, para impedir que o marido tentasse retomar a relação.

"Nós estamos muito agradecidas ao juiz", afirmou Nasser. "Se o caso tivesse sido ouvido por alguém com opiniões tradicionais, Nojoud poderia ter sido mandada de volta para casa."

Dote

O pai e o ex-marido de Nojoud também estavam presentes no tribunal. O ex-marido, Faez Ali Thameur, disse que o casamento havia sido consumado, mas negou as acusações de que batia em Nojoud.

Uma pessoa que este presente à audiência, mas cuja identidade não foi revelada, teria devolvido a Thameur o dinheiro do dote que ele pagou aos pais da menina.

O pai da menina, Mohammad Ali al Ahdal, disse que se sentiu obrigado a deixar a filha a ir viver com o marido depois de receber repetidas ameaças de Thameur e seus amigos.

Al Ahdal disse que sentiu medo porque sua filha mais velha havia sido raptada anos antes e havia sido obrigada a se casar com o raptor.

O tribunal estava lotado de jornalistas e ativistas de direitos humanos que tentavam usar o caso para chamar a atenção para a necessidade de proteger as crianças no país.

Nojoud agora vive com um tio, que disse à BBC que o pai da menina não teve nenhum controle sobre o que aconteceu. "Ele é muito frágil para se defender ou defender a família", afirmou. "Nojoud agora vive comigo e meus oito filhos. Ela não vê a hora de voltar à escola."



:::Folha On Line:::

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