segunda-feira, 21 de abril de 2008

“Eu te amo” vamos transar?





Alice conheceu o sexo aos 13 anos. Na época da primeira relação, ela namorava um vizinho há aproximadamente um ano, em Belo Horizonte. E, segundo a estudante, aos 12 anos já havia “rolado quase tudo” entre eles, antes da primeira transa.

Uma tia do namorado, que era mais próxima do casal, percebeu a ligação entre os dois e recomendou que Alice procurasse um ginecologista para ter orientações claras sobre seu corpo e sobre o que era a relação sexual. Tempos depois, o namoro foi desfeito e hoje Alice está firme em outro relacionamento.

As relações de intimidade entre crianças e púberes (aqueles que estão vivendo a passagem da infância para a adolescência) estão começando cada vez mais cedo. E a conseqüência dessa aproximação entre meninos e meninas tende a ser a iniciação da troca de algumas carícias ou até mesmo da vida sexual.

O Projeto Sexualidade (Pro- Sex), da Universidade de São Paulo (USP), entrevistou 103 alunos da capital paulista com 12 anos, em média, e constatou que 25% deles disseram já ter feito masturbação mútua.

Outros 12% afirmaram ter dado abraços sem roupa e 27% tiveram acesso a material erótico, como jornais, revistas ou sites na Internet. Sobre o ato sexual em si e o sexo oral, 9% e 8%, respectivamente, relataram que tiveram essas experiências.

E o beijo na boca de língua faz parte da vida de 72% dos pré-adolescentes entrevistados. O levantamento foi feito em 2004 e, segundo a psiquiatra e coordenadora do projeto, Carmita Abdo, esse público pesquisado não tinha parceiro fixo e muitos diziam que estavam “ficando” com alguém.

“Existem crianças que de fato são mais maduras, mas a relação é precoce da mesma forma. Elas não sabem a noção exata do tipo de envolvimento no qual estão se lançando. Não podemos generalizar e dizer que essa precocidade será ruim, mas a descoberta do sexo deveria vir de forma gradativa, acompanhada da busca de conhecimento, informação e educação”, avalia.

Apesar de o estudo ter sido feito na capital paulista, Carmita afirma que os resultados refletem uma realidade que vem sendo observada no restante do país.

Mídia

“A mídia tem colaborado para a adultização desses jovens. E, fatores como o uso de drogas (lícitas ou não), pressão do grupo na qual o jovem está inserido e uma vivência traumática nesse âmbito têm contribuído para a precipitação das práticas sexuais”, pondera a psiquiatra

De acordo com a doutora em psicologia clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Cassandra Pereira França, o período da puberdade vivido pelos brasileiros está encurtando, um fenômeno percebido há mais de uma década.

“Se antes ela acontecia dos 9 aos 12,5 anos, agora ela foi reduzida. Nossas crianças estão sendo bombardeadas pela mídia com conteúdos sexuais. São programas da TV, Internet e até as letras musicais. Em paralelo, sinto que os pais têm dificuldades de barrar essa pressa para o adolescer. Em nome de uma liberdade educacional, eles não se sentem à vontade de proibir determinadas situações”, afirma.

“Eu te amo” é usado para conseguir transa

Se declarar com um sonoro “eu te amo” parece traduzir o momento ápice da relação, mas o sentido da frase tem sido deturpado na adolescência para conseguir uma relação sexual mais rápida.

A afirmação é de um grupo de quatro adolescentes de 15 anos, estudantes da região Centro-Sul da capital. Segundo as meninas, alguns falsos sedutores estão declamando um sentimento inexistente só para transar.

Essa banalização do sexo e do amor tem contribuído para que meninas, principalmente, embarquem na primeira transa iludidas.

“Virou moda falar que está namorando. Mais comum ainda é o menino terminar depois que acontece a primeira transa. O sexo está muito vulgarizado e o pior é que tem menina associando o sexo ao despojamento, como se fosse legal transar cedo”, diz Luíza Picchiani.

A entrega ao parceiro é vista por elas como algo que requer confiança, envolvimento mais estável e segurança.

:::Hora certa:::

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário