domingo, 15 de novembro de 2009

Apreciem mais a subestimação




Desconfio dos elogios. Agora mesmo estou tentando descobrir se eles realmente nos fazem bem. Pare e reflita. Que reação você costuma ter após receber um? São ótimos, mas sinto que eles fazem inflar o ego, passam segurança, autoconfiança e, às vezes, nos tornam menos exigente com nós mesmos, como se de alguma forma eles dissessem que já está bom assim.

Gosto quando me subestimam. Não pelo pouco caso em si, mas pela potencialidade de surpreender. Subestimar provoca. Desafia nosso ego. Faz com que nos esforcemos mais para provar que estavam enganados e somos muito melhores do que se imaginava. Desperta um instinto de superação e pró-atividade muito mais construtivos que um elogio.
Os especialistas em motivação organizacional que me perdoem. Tudo bem que um elogio inspira mais que uma crítica, mas não há nada que se compare com a subestimação. É só lembrar das apostas, dos desafios. Quem nunca se sentiu provocado com um “você não é homem ou mulher pra isso?”, um “duvido” ou mesmo aquele olhar que já entrega a falta de crédito e expectativa depositadas em você.
Aprendemos isso desde cedo. Faz parte da pedagogia de muitos pais, inclusive, usar um “duvido” para convencer a criança a tomar uma atitude, como simplesmente terminar um prato de comida. Logo se percebe a malandragem e não se cai mais nessa, mas aquela fórmula desafiadora fica impressa em algum lugar da nossa memória e vira e mexe vem à tona. No trabalho, na educação, num relacionamento ou no fim dele. Situações em que temos que parar e seguir o conselho do tio Zambiasi*: “Eu quero, eu posso e eu vou conseguir!”
Talvez o elogio que realmente tenha valor seja o recebido depois de ser subestimado. Esse sim, vem como para coroar um esforço que não foi em vão. Não nos diz que já está bom assim, mas que valeu a pena. Deixo o meu conselho: Apreciem mais a subestimação.
*Sérgio Zambiasi*




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